quarta-feira, setembro 13, 2006

o berço

Embalas calmamente um eu qualquer, adormecido, como se não te quisesses fazer anunciar...embalas e adormeces enquanto um qualquer eu sonha e vai-se habituando a sonhar. E vais embalando e dando movimento ao meu corpo e convences-me que é um eu qualquer que quer caminhar, e não paras de rodopiar a minha mente como se fosse um eu qualquer que quisesse pensar. E estão nos teus inúmeros braços a força que me abraça e me resguarda de todos os medos que esse eu qualquer pensa ser capaz de encarar, e no entanto, fazes o meu coração latejar ora com mais vigor ora mais devagar mas só a esse eu qualquer cabe a vontade de um dia... querer acordar.

4 Comentários:

Blogger Bárbara disse...

...quando acordares, sonharás ainda mais, mas agora sem estares adormecida!!!!Tá lindo!!!!

quarta-feira, setembro 13, 2006  
Blogger Lisa Costa disse...

Queremos mais,
força e beijinhos

terça-feira, setembro 19, 2006  
Blogger Telma disse...

you can bet on that;)

domingo, outubro 08, 2006  
Anonymous Anónimo disse...

O terrorista – ele está a ver

A bomba vai explodir no bar às treze e vinte.
São só treze e dezasseis.
Alguns ainda vão a tempo de entrar,
Outros de sair.

O terrorista passou para o outro lado da rua.
A esta distância fica a salvo de todo o mal
E vê tudo como no cinema:

Uma mulher de casaco amarelo – ela entra.
Um homem de óculos escuros – ele sai.
Rapazes de jeans – eles trocam impressões.
Treze horas, dezassete minutos e quatro segundos.
O mais baixo – ele tem sorte, monta na scooter,
Mas o mais alto – ele entra.
Treze horas, dezassete minutos e quarenta segundos.
Passa uma rapariga de fita verde no cabelo.
De repente, desaparece atrás do autocarro.

Treze e dezoito.
A rapariga já não se vê.
Terá sido estúpida ao ponto de entrar.
Em contra-partida sai um carece gordo.
Remexe nos bolsos como se procurasse algo
E quando faltam dez segundos para as treze e vinte –
Ele volta por umas reles luvas que esqueceu.

São treze e vinte.
O tempo, como ele demora.
Está na hora.
Ainda não.
Sim, já está.
A bomba – ela explode.

Wisława Szimborska Grande número (1976)

terça-feira, outubro 10, 2006  

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